sexta-feira, agosto 25, 2006

Porque (ainda)… (1)



... existe quem não saiba que 2005 foi considerado o ano internacional do Microcrédito e porque (ainda) existe quem não tenha a oportunidade de construir uma vida melhor.
A iniciativa do Microcrédito nasceu com a criação do “Grameen Bank” pelo Professor Muhammad Yunus no Bangladesh. Na sua origem esteve o ideal segundo o qual o crédito constitui um direito fundamental do homem capaz de capacitar indivíduos com os meios suficientes para que estes se tornem autónomos através da criação do seu próprio emprego. Yunus acredita no homem como um ser empreendedor por natureza e associa a pobreza à inexistência das mesmas oportunidades para que todos indivíduos sejam capazes de explorar as suas próprias potencialidades.
Em Portugal esta experiência surge inspirada no sucesso do “Grameen Bank”. O Microcrédito é um empréstimo bancário de iniciativa privada até €5000[1], reembolsável em 36 prestações mensais. Destina-se exclusivamente a pessoas que queiram criar o seu próprio negócio, mas que não tenham acesso ao crédito bancário pela via “normal”, sobretudo, por falta de garantias reais[2]. A Associação Nacional de Direito ao Crédito (ANDC) é a organização[3] que, em Portugal, serve de intermediária entre quem pede o empréstimo e a banca. A sua função é analisar e filtrar os pedidos que chegam às instituições financeiras. É um trabalho válido, reconhecido pelo Estado português, que merece o nosso aplauso e que deve ser apoiado pela sociedade civil.
Nas palavras de Yunus: “Os pobres são apenas pessoas bonsai. Tal como árvores se forem colocadas em pequenos vasos sem espaço para crescer nunca ultrapassarão determinado tamanho” (Muhammad Yunus)
[1] Montantes muito baixos e pouco eficientes para que as instituições financeiras os aprovem via crédito “normal”
[2] Por norma, estão em situação de desemprego e são beneficiários do Rendimento Social de Inserção (RSI)
[3] Organização Privada Sem Fins Lucrativos (OSFL)